Não existe mais escuro | There is no more darkness
Trabalho realizado em coautoria entre Maria Baigur e Rafael Adorján.
O título deste trabalho pode ser uma pergunta ou uma afirmação. De qualquer forma, não buscamos responder nada. Sem saber se a cada amanhecer, haverá mundo, trabalho ou vacina, nossa escolha é seguir experimentando, tentando achar alguma rachadura por onde deixar a luz entrar. O corpo, ponto zero do mundo, espaço a partir do qual sonhamos e nos percebemos, agora apartado de outros corpos, tenta resistir à falta de utopias de um mundo sem sombras. Aqui este corpo busca neutralizar as luzes de nossos tempos e descobrir uma nova versão de si mesmo.
Um mundo iluminado o tempo todo é um mundo desencantado, empobrecido sensorialmente. O regime 24/7 arruína paulatinamente as distinções entre dia e noite, claro e escuro, ação e repouso. Como em um estado de emergência, quando refletores são acesos e não mais apagados, acabamos por nos habituar a eles. Nessa série evocamos a ressonância simbólica e eventualmente mística da luz na pintura, e como nossa percepção está sendo transformada pela presença maçante da tecnologia.
Surge então este corpo híbrido: consumidor e objeto de consumo, que reflete a luz azul violeta dos aparelhos, e traduz não só a situação extraordinária que nos encontramos na pandemia, mas também a mudança radical nas condições de vida que a hiperconectividade nos impõe. A “alegria”, escreveu Espinosa, é o que traduz um aumento da potência de agir, ou seja, também de pensar e de imaginar. Precisamos desesperadamente imaginar, fabricar narrativas, celebrações. A imaginação é indispensável à sobrevivência coletiva. E com alegria, conseguimos criar onde a impotência assustadora ameaça e experimentar com os dispositivos que nos tornam capazes de vivenciar tamanhas provações, sem cair na barbárie ou na paralisia.
Por fim, nossa experiência quer pensar em como permanecer humano, demasiadamente humano, diante de um cenário desolador e principalmente transmitir a mensagem de que uma produção de novos modos de agir e pensar é possível e urgente.
Maria Baigur & Rafael Adorján
————————
A co-authorship work done between Maria Baigur and Rafael Adorján.
The title can be a question or a statement. In any case, we are not trying to answer anything. Without knowing every morning if there will be a world, a job or a vaccine, our option is to continue experimenting, trying to find a crack to let the light in. The body, world’s point zero, space where we dream and perceive ourselves, now separated from another bodies, tries to resist the lack of utopias of a world without shadows. Here, this body tries to neutralize the lights of our time and discover a new version of itself.
A permanently enlightened world is disenchanted and sensorially impoverished. The 24/7 system gradually destroys the distinctions between day and night, light and dark, action and rest. As in a state of emergency, where the spotlights are never turned off, you just get used to it. In this series we evoke the symbolic and mystical resonance of the light in painting, and how our perception is transformed by the lackluster presence of technology.
Then, this hybrid body appears: consumer and object, which reflects the blue-violet light of the devices, and reflects not only the pandemic extraordinary situation in which we find ourselves, and also the radical change in living conditions that hyperconnectivity imposes on us. "Joy", said Espinosa, increased the capacity to act, also to think and imagine. We desperately need to imagine, create stories and celebrations. Imagination is essential for collective survival. And with joy, we are able to create even with frightening threatens and experience with the artifacts without falling into barbarism or paralysis.
Finally, our experience wants to reflect on how to remain human, all too human, at this regrettable scenario and, above all, to spread the urgent message that is possibile to create new ways of acting and thinking.
Maria Baigur & Rafael Adorján
Não existe mais escuro 1 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 2 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 3 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 4 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 5 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 6 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 7 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 8 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 9 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 10 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 11 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 12 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 13 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 14 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021
Não existe mais escuro 15 | fotografia digital | 40 x 60 cm | 2021